sábado, 17 de novembro de 2007

A ORIGEM DO FACILITISMO




SX 16NOV07

ESPAÇO PÚBLICO/OPINIÃO/CARTAS AO DIRECTOR





Notas a Português

No início da década de 80, pedia-se aos professores que para impedir o "chumbo" definissem "objectivos mínimos" a cumprir pelos alunos, que se elaborasse na sala de aula uma gramática, com as "coisinhas mais importantes", deixando-se de aconselhar a sua compra e que se respeitasse a diferença programática entre "conhecimento activo" e "conhecimento passivo". Foi este contínuo acelerar, ao longo do tempo, no facilitismo e no discurso miserabilista, que encontravam já justificação em teorias pedagógicas, que determinou a passagem de alunos sem saber ler ou escrever, deficiências nunca corrigidas e as quais, acentuando-se ao longo do tempo, provocaram o descalabro do abandono escolar e dos maus resultados em exames.

É, no mínimo, estranho que face aos resultados das provas de aferição de Português dos 4.º e 6.º anos, o prof. Paulo Feytor Pinto [P.F.P.] * continue a bater na mesma tecla da culpabilização da literatura e da gramática, para assim justificar não só a leitura de um rótulo de garrafa ou de um atestado médico ou de um requerimento, na sala de aula, mas também a adopção da famosa e aberrante TLEBS. Não se sabe gramática no 6º ano, porque na primária, com programas esvaziados de conteúdo, se facilitou o ensino "das coisinhas mais importantes", sem qualquer tipo de rigor pelo estudo, para além de se ter desvalorizado a memória, "porque era fascista".

Esquecer-se-á Paulo F. Pinto que as boas notas nos exames do 9.º ano, de uma facilidade vergonhosa, foram aplaudidas pela Associação de Professores de Português pois "respeitavam o perfil dos alunos"?
Não se preocupa com o facto de se substituir, no exame, Os Lusíadas por um texto pragmático e outros do género? É isso que responde "ao perfil do aluno"? E o que dirá de uma receita de culinária na prova de aferição do 6º ano, em que os alunos foram convidados a descodificar o "q.b."? Quanto à "anarquia terminológica", não esqueça P.F.P. que foram as experiências linguísticas, generativa e outras, que trouxeram o caos à terminologia gramatical e a TLEBS, outra experiência de mau gosto, só veio acentuá-lo. A TLEBS é a resposta salvadora à "complexidade de conteúdos gramaticais no 6.ºano"? Dominem os alunos os conceitos gramaticais do 1º ciclo e a evolução do seu saber far-se-á harmoniosamente e sem problemas. O mesmo acontecerá com a leitura e a escrita.

Maria do Carmo Vieira
Lisboa



* Já que citado, convém esclarecer que se trata do Presidente da Associação de Professores de Português


(Remetido de FACILITISMO)

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